Um simples ingrediente fora do tradicional bastou para incendiar uma polêmica entre a Bahia e seus estados vizinhos. A Associação de Baianas de Acarajé (Abam), em Salvador, soltou uma nota de repúdio contra a nova versão do famoso quitute baiano, adaptado para o viral “Morango do Amor” que está dominando as redes. A receita, que começou em Aracaju e ganhou força em Maceió, traz o acarajé recheado com brigadeiro e morangos, uma combinação que chocou os amantes da culinária baiana.
A receita diferenciada foi apresentada no Acarajé da Irmã Jane, em Maceió, e rapidamente viralizou, com muitos internautas se dividindo entre curiosidade e críticas. A Abam foi enfática em sua resposta, destacando que o acarajé é um patrimônio cultural imaterial do Brasil desde 2005, protegido pelo IPHAN, e que nenhuma alteração pode ser aceita: “Somos empreendedoras ancestrais e focadas na tradição deixada por nossos antepassados, sem surfar nas influências contemporâneas sem propósito.”
Ingrid Carozo, responsável pela versão “Acarajé do Amor” e moradora de Sergipe, comentou sobre o burburinho causado: “Eu acho normal dividir opiniões, ninguém pensa igual a ninguém, a gastronomia pode ir além da nossa imaginação. Eu entendo as críticas e respeito a religião, porém teve outra cidade que fez e não houve crítica. O acarajé do amor foi feito pra divulgação, só para entrar no clima do momento.”
O embate entre tradição e inovação movimenta não só as redes sociais, mas também o orgulho cultural de uma das mais emblemáticas iguarias baianas, deixando claro que o acarajé é muito mais que comida; é identidade, fé e cultura em guerra contra a modernidade desmedida.