O fenômeno das crianças usando cosméticos precocemente acende um grave alerta entre especialistas. Meninas de apenas quatro anos de idade já começam a se maquiar, atropeladas pela influência das redes sociais, segundo dados recentes que preocupam a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade divulgou diretrizes rígidas para conter o crescimento desse hábito que pode colocar em risco a saúde dos pequenos.
Dr. Miguel Liberato, endocrinologista pediátrico, explica os perigos que vão muito além de simples alergias cutâneas: “A pele infantil é mais fina e sensível, absorvendo mais facilmente ingredientes que podem causar distúrbios hormonais, como puberdade precoce ou disfunções na tireoide, além de toxicidade neurológica e risco aumentado de câncer no futuro”. A recomendação é clara: maquiagem só para depois dos 12 anos e intervenções mais agressivas, como tinturas e alisamentos, também devem esperar.
A SBP reforça ainda que esmaltes só devem ser usados a partir dos cinco anos, e que produtos ditos “infantis” precisam ser rigorosamente avaliados, pois nem sempre são seguros. “A Anvisa proíbe maquiagem para menores de três anos e exige testes para garantir ausência de alergias”, destaca Dr. Miguel, alertando que até mesmo batons e brilhos labiais precisam de supervisão adulta rigorosa. O uso descontrolado pode afetar o delicado equilíbrio hormonal infantil, impulsionando puberdade precoce.
Para o especialista, a chave é cautela e atenção redobrada às embalagens e registros dos produtos. “Prefira marcas reconhecidas que passem na Anvisa e nunca hesite em consultar o pediatra. Menos é mais quando o assunto é a saúde das crianças”. A exposição infantil precoce às químicas dos cosméticos é um fogo oculto que pode impactar o futuro da saúde dos pequenos – a informação é o melhor escudo.