Faltando um ano para as convenções partidárias que definirão os candidatos às eleições de 2026, a base do presidente Lula no Nordeste, reduto eleitoral crucial, vive um momento de tensões e batalhas internas. Apesar da vitória esmagadora de Lula em 2022, com mais de 12,5 milhões de votos de vantagem contra Bolsonaro na região, os nomes e as estratégias dos aliados do PT começam a se dividir nos principais estados.

Na Paraíba, por exemplo, a crise já está escancarada: com o atual governador João Azevêdo (PSB) mirando uma vaga no Senado, o vice Lucas Ribeiro (PP) deve assumir e buscar a reeleição, mas o PP nacional tem planos de apoiar a oposição a Lula. Enquanto isso, o presidente da Assembleia, Adriano Galdino (Republicanos), declara apoio declarado a Lula e sinaliza querer seu próprio espaço no pleito, criticando colegas que “ficam em cima do muro”. O clima esquenta ainda mais com descontentamento dentro do PT, que não gostou das críticas públicas de Galdino ao veto presidencial sobre a ampliação de deputados federais.

No Rio Grande do Norte, outra bomba: a governadora Fátima Bezerra (PT), que quer voltar ao Senado, enfrenta uma forte concorrência da senadora Zenaide Maia (PSD), esta ligada à oposição ao PT. Resquícios da divisão que permitiram a ascensão do bolsonarista Rogério Marinho em 2022 ainda pesam, e a senadora pode formar aliança fora da base de Lula, fragilizando ainda mais o cenário do PT local. Enquanto isso, no Maranhão, a desistência do governador Carlos Brandão (PSB) de deixar o cargo para o vice e o afastamento do ex-governador e agora ministro do STF Flávio Dino criam uma rachadura que promete prejudicar a legenda e o próprio Lula nas urnas.

Além dessas regiões, Pernambuco, Bahia, Ceará, Sergipe, Piauí e Alagoas também fervem com disputas internas e indefinições sobre alianças e candidaturas que colocam em risco o crescimento da base petista. Entre nomeações de candidaturas, vetos e rivalidades locais, a mensagem é clara: o caminho para a reeleição de Lula passa por um nordeste rachado, com o PT lutando para manter domínio e coesão em uma região vital para seu projeto político.