Na última segunda-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após o descumprimento de medidas cautelares impostas pelo tribunal. A principal delas proibia Bolsonaro de publicar nas redes sociais conteúdos próprios ou de terceiros, regra esta que foi claramente violada durante manifestação de domingo (3) na avenida Paulista, em São Paulo.
A participação indireta de Bolsonaro no protesto veio por meio das redes sociais do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Bastidores da política afirmam que o deputado agiu estrategicamente para fazer o ex-presidente romper as regras, caindo em uma armadilha cuidadosamente montada. Pressionado por Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA tentando articular sanções contra o Brasil e enfrenta duras críticas de aliados por não se posicionar claramente contra Alexandre de Moraes, Nikolas mudou seu discurso e usou a manifestação para provocar a decisão judicial.
Nikolas Ferreira, com a maior base de seguidores do Congresso e vídeos que ultrapassam 100 milhões de visualizações, é um nome crescente no cenário político. Em 2024, ele não apoiou o candidato bolsonarista à prefeitura de São Paulo, mas o influencer Pablo Marçal, quase eleito. O deputado também lidera um projeto polêmico para baixar a idade mínima eleitoral, buscando disputar cargos majoritários, estratégia vista como tentativa de roubar o espaço político de Bolsonaro dentro do PL, especialmente depois do veto de Valdemar da Costa Neto à sua candidatura para governador de Minas Gerais em 2026.
Além disso, destaque para a ausência da ex-primeira dama Michele Bolsonaro e de governadores importantes, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que marcou cirurgia no mesmo dia do protesto, evidenciando isolamento do ex-presidente. O episódio alimenta a crise interna do bolsonarismo e mostra que, quando o aliado age como inimigo, o desfecho pode ser fatal.