Um levantamento chocante revela que entre 1996 e 2021, quase metade dos mestrados (49,5%) e mais da metade dos doutorados (57,8%) no Brasil foram obtidos por pessoas brancas, enquanto negros e indígenas permanecem drasticamente sub-representados nessas conquistas acadêmicas.

Segundo estudo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), pretos correspondem a apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores, enquanto pardos representam 16,7% e 14,9%, respectivamente. Os indígenas mal chegam a 0,3% nas titulações de doutorado, número alarmante se comparado à sua participação na população nacional.

A desigualdade se aprofunda quando se examina a proporção de mestres e doutores por 100 mil habitantes: em 2021, havia quase o dobro de mestres brancos em relação aos pretos, e o quadro é ainda mais crítico no doutorado, onde brancos somam 14,5 titulares por 100 mil ante cerca de 5 por 100 mil nos demais grupos raciais. No mercado de trabalho, a disparidade salarial persiste: mestres pretos ganham 13,6% menos que seus pares brancos, enquanto doutores negros recebem 6,4% menos.

O estudo, apresentado na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Recife, levanta um alerta sobre a urgência de políticas públicas que enfrentem o racismo estrutural no ensino superior e o mercado profissional, garantindo oportunidades e remuneração justas para todas as raças no Brasil.