A China acaba de autorizar 183 novas empresas brasileiras a exportar café para seu mercado, medida que vale por cinco anos e entrou em vigor em 30 de julho — exatamente o dia em que os Estados Unidos oficializaram uma tarifa pesada de 50% contra o café brasileiro. A Embaixada da China no Brasil comemorou em suas redes sociais o movimento, reforçando que o consumo local de café ainda está longe da média global, com apenas 16 xícaras por pessoa ao ano, abrindo enorme espaço para crescimento.
Enquanto a China amplia sua parceria comercial, a situação nos EUA se complica para os exportadores brasileiros. Os americanos representam o maior destino do café do Brasil, com 23% do volume exportado concentrado principalmente no café arábica, essencial para a indústria de torrefação do país. Nos primeiros seis meses de 2025, foram enviadas para os EUA mais de 3,3 milhões de sacas, enquanto para a China o volume foi seis vezes menor, pouco mais de meio milhão de sacas.
Pesquisadores da USP alertam que a nova taxação americana pode forçar uma mudança estratégica dos produtores brasileiros, que terão que agir com agilidade logística para buscar novos mercados e preservar a cadeia produtiva nacional. A Ordem Executiva assinada por Donald Trump ainda criou cerca de 700 exceções às tarifas, com produtos como suco de laranja e aeronaves livres da sobretaxa — mas o café ficou de fora dessa lista, gerando forte preocupação no setor exportador.
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) já anunciou que seguirá negociando uma exclusão do café dessa cobrança. Em um cenário de tensões comerciais e volatilidade nos principais mercados, a decisão da China pode representar uma tábua de salvação para o segmento, que enfrenta desafios e precisa se reinventar diante do duro golpe americano.