A inesperada morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, vítima de câncer no intestino, acendeu um verdadeiro sinal de alerta sobre essa doença que vem assustando médicos e pacientes. Em um papo revelador ao Jornal do Meio Dia, o especialista Dr. Gustavo Mota falou sobre as armadilhas para detectar o câncer cedo e o aumento preocupante dos casos entre os mais jovens, que fogem do perfil tradicional da doença.

“O câncer de intestino é uma doença sorrateira, que não tem um exame simples que facilite sua descoberta rápida, como acontece com o PSA no câncer de próstata ou a mamografia no câncer de mama. Normalmente, só descobrimos por colonoscopia, que deveria começar aos 50 anos para todos, mas é recomendada a partir dos 45 para quem tem histórico na família”, explicou o médico. Infelizmente, muitas vezes o diagnóstico só acontece quando já está avançado, como aconteceu com Preta Gil.

Mais alarmante ainda é observar a subida vertiginosa dos casos entre pessoas abaixo dos 50 anos. “Notamos que o número de jovens diagnosticados está crescendo assustadoramente, com elevação de até 70% em alguns estudos. O que está por trás disso? Estresse, alimentação ruim, sedentarismo e o alto consumo de industrializados e agrotóxicos, que atacam o intestino e podem desencadear a doença”, detalhou Dr. Gustavo.

Se antes, entre 2001 e 2005, o câncer de intestino era o sétimo mais comum, a estimativa é que entre 2026 e 2030 ele se torne o terceiro maior causador de câncer entre homens e mulheres no país, ficando somente atrás do câncer de estômago e pulmão. “Sem métodos eficazes para diagnóstico precoce, a prevenção é nosso único caminho. A morte da Preta Gil deve ser um chamado urgente para repensar hábitos e cuidar da saúde intestinal”, concluiu o especialista.