Em uma assustadora realidade paralela, o filme “Devolva-me”, dirigido por Camila Cohen, expõe o drama brutal da adoção e da rejeição infantil em um mundo onde crianças são tratadas como mercadoria. Com estreia prevista para 2026, este longa-metragem usa uma mistura poderosa de realismo dramático e fantasia para revelar a dura face de um problema social que assombra o Brasil: a devolução de crianças após adoções fracassadas.

No centro da trama, a jornalista Nathalia (Josi Larger), impedida de ter filhos, recorre ao aluguel de uma criança – Sara, interpretada por Ludy Larger – num sistema distópico onde adoção é proibida e crianças são “alugadas” por agências regulamentadas. O filme mergulha na luta das duas para preservar esse vínculo frágil enquanto um sistema impiedoso tenta separá-las, denunciando a crueldade de um ambiente que avalia crianças por “notas de desempenho” e as trata como produtos descartáveis.

Diretora e roteirista levantam uma poderosa metáfora visual ao criar um universo atemporal – que mistura elementos antigos e modernos – para distanciar o espectador do cotidiano, mas ao mesmo tempo intensificar a mensagem de um processo desumano. Espaços sombrios como a “locadora de pessoas”, cenas que evocam resistência através do boxe e o símbolo da água como trauma reforçam a narrativa focada no amor incondicional que luta contra a mercantilização infantil.

Na vida real, a atriz e produtora Josi Larger, que vive Nathalia, passou cinco anos esperando pela adoção da filha Ludy, que também atua no filme, o que trouxe uma carga extra de emoção e veracidade para a produção. Com um elenco sólido que inclui André Mattos e André Ramiro, “Devolva-me” promete ser um convite à empatia, à reflexão sobre o abandono infantil e à esperança para muitas famílias brasileiras.