Você já se pegou duvidando se sofre de “disania” ou se não deveria ter assistido aquele filme de “terrir” e enfrentado pesadelos à noite? Ou então sentiu saudade dos tempos de emprego CLT em meio à crescente “pejotização” do mercado? Essas palavras, estranhas para muitos, estão na fila para integrar oficialmente o português brasileiro e refletem mudanças profundas na nossa vida e cultura.
Elas ainda não constam no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), o documento que determina a grafia das palavras oficiais, mas podem ser incorporadas a qualquer momento, caso comprovem uso contínuo e relevante. Três especialistas revelam que o Volp não cria nem censura o idioma, apenas registra o que já está consolidado no cotidiano e na técnica, como foi o caso rápido da palavra “covid”, que virou registro oficial devido à pandemia.
Além de “disania”, “terrir” e “pejotização”, outras expressões estão sob análise, como “tokenização”, “cordonel”, “microssono”, “reclínio” e “retrofitagem”, todas ligadas a campos específicos da tecnologia, medicina e engenharia. A comissão da Academia Brasileira de Letras considera o uso frequente em textos jurídicos e científicos para julgar a inclusão; por isso, “pejotização” tem mais chances que “terrir”, muito ligada a gírias temporárias.
Com o português em constante transformação, influenciado por avanços tecnológicos e tendências globais, o registro dessas palavras mostra que a língua brasileira é viva e dinâmica, navegando entre neologismos, estrangeirismos adaptados e novos sentidos. Assim, a língua oficial vai espelhando a evolução cultural e social do país, capturando palavras que antes pareciam passageiras, mas que agora ganham permanência nos dicionários.