Os Estados Unidos deram início a uma investigação interna contra práticas comerciais do Brasil apontadas como supostamente "desleais", com destaque para o sistema de pagamentos instantâneos Pix. O movimento americano tem forte relação com a disputa no mercado de pagamentos digitais, especialmente contra concorrentes como o WhatsApp Pay e as tradicionais bandeiras de cartão de crédito norte-americanas, além do fato do Pix se firmar como uma alternativa ao dólar em transações internacionais.
A denúncia foi revelada em documento oficial do representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, chamado “Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais no Brasil”. Embora o Pix não seja citado nominalmente, o texto destaca “serviços de pagamento eletrônico do governo” e aponta que o Brasil estaria favorecendo seus próprios sistemas em detrimento dos concorrentes.
Especialistas avaliam que uma das causas dessas críticas está na decisão do Banco Central brasileiro, ainda em 2020, de suspender o WhatsApp Pay pouco após seu lançamento local — enquanto o Pix começava sua trajetória oficial. A economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, destaca que o WhatsApp operava fora do sistema financeiro regulamentado pelo Banco Central, o que justificaria a suspensão para prevenir riscos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro. Além disso, o Pix incomoda os EUA por sua rápida integração internacional, já aceito em países como Paraguai e Panamá, reduzindo a dependência do dólar. Novidades como o Pix Parcelado, que permitirá parcelar compras com recebimento rápido, também ameaçam as gigantes dos cartões norte-americanos.
Apesar das críticas, o Pix é reconhecido nacionalmente como uma revolução nos pagamentos, movimentando R$ 26,4 trilhões apenas em 2024. Ele ampliou a inclusão financeira de milhões de brasileiros de baixa renda e pequenos empreendedores, promovendo eficiência e competitividade. Cristina Helena reforça que o sistema é ágil e promoveu uma verdadeira bancarização popular, sendo essencial para o avanço econômico do país, mesmo diante da pressão externa dos Estados Unidos.