O agronegócio brasileiro vive um momento crítico após os Estados Unidos anunciarem uma tarifa de 50% sobre produtos do país, medida que pode paralisar exportações a partir de 1º de agosto. Nesta terça-feira (15), representantes dos setores de carne, frutas, café e pesca alinharam estratégias em Brasília, numa reunião tensa com ministros do governo federal. Embora confiem nos esforços do Executivo para reverter o “tarifaço”, os empresários alertam para perdas bilionárias e impactos sociais devastadores.
Comandada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a reunião revelou a urgência de negociar a prorrogação da medida. O presidente da Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, destacou a paralisação de frigoríficos diante da tarifa e o estoque de 30 mil toneladas de carne embarcadas ou em portos americanos. “A taxa de 50% inviabiliza a operação, temos contratos em andamento e precisamos de uma resposta rápida para evitar o colapso”, alertou Perosa.
A situação no setor de frutas é igualmente alarmante. Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, expôs os transtornos causados no planejamento da safra de manga, com 2,5 mil contêineres já reservados para os EUA. “Jogar essas mangas na Europa não é logística viável; manter a fruta no Brasil é suicídio para o mercado interno”, disse Coelho, pedindo solução urgente para evitar desemprego em massa e prejuízo aos produtores.
Demonstrando a total interdependência do país com o mercado americano, também foram apresentadas as preocupações dos produtores de suco de laranja e café, que têm no consumidor dos EUA quase metade da sua receita. Ibiapaba Netto, da CitrusBR, e Márcio Ferreira, do Conselho dos Exportadores de Café, ressaltaram a importância do diálogo e a confiança no governo para garantir a continuidade das exportações, enfatizando que o Brasil precisa encontrar “uma solução que beneficie a todos” antes que o impacto econômico seja irreversível.