Desde 2022, o Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado no Brasil, está na mira das autoridades dos Estados Unidos. O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) já expressava naquela época preocupação com a rápida expansão da plataforma, que vem superando as tradicionais formas de pagamento, abalando gigantes do setor financeiro global.
Em seu relatório anual, o USTR classificou o Pix como potencial barreira comercial estrangeira, capaz de afetar o comércio e investimentos americanos, ao destacar o papel duplo do Banco Central brasileiro como regulador e operador do Pix, que oferece transferências em tempo real e gratuita. Agora, o órgão iniciou uma investigação oficial para examinar ações comerciais do Brasil que possam prejudicar as empresas americanas, incluindo a popularização do Pix.
Especialistas sugerem que o problema para os EUA está na ameaça do Pix à hegemonia das operadoras de cartões de crédito e ao próprio WhatsApp Pay, da Meta de Mark Zuckerberg, cujos planos no Brasil foram frustrados por decisão do Banco Central e do Cade. Enquanto isso, o Pix se consolida como uma alternativa até para transações internacionais, movimentando R$ 26,4 trilhões em 2023, e acelerando a inclusão financeira no país.
A economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, ressalta que o Pix é um avanço que traz velocidade, inclusão e competição ao mercado financeiro, diferentemente da oferta da Meta, que tentou operar fundos fora do sistema regulado. O impasse evidencia o impacto global da inovação brasileira, que agora enfrenta a pressão das autoridades americanas em plena guerra pelo futuro dos pagamentos digitais.