O governo federal está de olho e exigindo a devolução de mais de R$ 140 milhões desviados de prefeituras que cometeram irregularidades no uso de emendas parlamentares destinadas à saúde pública. As apurações, feitas pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS) e reveladas pela Folha de S.Paulo, apontam fraudes graves que mexem com o dinheiro público e a qualidade do atendimento à população.
O maior caldeirão de denúncias está no Maranhão, que concentra cerca de R$ 120 milhões em cobranças. Entre as práticas fraudulentas, destaca-se a falsificação de dados sobre atendimentos, exames e procedimentos, usados para inflar os valores repassados às prefeituras. O município de Vitorino Freire, sob administração ligada ao ministro das Comunicações Juscelino Filho, aparece no foco da mira: a prefeitura não conseguiu comprovar mais de 800 mil consultas em 2021, um número absurdo frente à sua infraestrutura, o que gerou a cobrança de R$ 13,4 milhões.
Essa cidade também é alvo da Operação Hygeia, conduzida pela Polícia Federal, que mira desvios através de emendas e uso de empresas fantasmas para contratos sem prestação real dos serviços. Paulo Ramos, outro município maranhense, enfrenta uma cobrança de R$ 10,3 milhões por suspeitas envolvendo a empresa Center Med, que teria conexão oculta com o deputado federal Cleber Verde (MDB-MA). Mensagens revelam o parlamentar discutindo valores de emendas com um empresário, enquanto ele tenta se defender alegando legalidade e colaboração com o STF.
A Center Med também se pronunciou, negando irregularidades e informando que sua contratação foi legítima para fornecimento de materiais médicos, além de negar envolvimento com o cadastro de dados em sistemas públicos. A investigação segue firme, com o governo federal exigindo rigor para garantir que recursos públicos se destinem realmente ao atendimento da população.