Na manhã desta quinta-feira (10), a tradicional feira da Rua Marechal Deodoro, em Feira de Santana, foi palco de um evento que promete revolucionar a economia popular local: o Seminário de Contabilidade Popular. Esta etapa presencial encerrou um curso online que reuniu profissionais das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, trazendo para a feira uma programação cheia de atividades práticas, rodas de conversa e o inovador programa "Chá com Zé", pensado para fortalecer o associativismo e a gestão popular entre os feirantes.

Para a professora Flávia Pita, da Incubadora de Iniciativas da Economia Popular Solidária da UEFS, o seminário vai além da teoria e toca diretamente nas lutas históricas da Marechal Deodoro. “Aqui, vemos uma associação forte de feirantes, uma conquista que mostra o amadurecimento da luta contra a remoção do centro da cidade. Discutimos gestão, contabilidade e direito, tudo ligado ao trabalho e à resistência popular”, afirmou. Ela reforçou a importância de aproximar o conhecimento técnico, como o balanço contábil, da vida real do vendedor que precisa gerir suas finanças para sobreviver, destacando que esses conhecimentos são essenciais para romper as barreiras burocráticas que isolam a população.

Quem também falou com entusiasmo foi Malu Azevedo, da ONG Capina, que coordena a iniciativa nacional desde 2021. “Este é o segundo curso gratuito no país, um verdadeiro intercâmbio de saberes que já durou seis meses na modalidade online. Agora trazemos esse encontro presencial para estreitar laços e mostrar que a contabilidade popular nasce das próprias comunidades. Recebemos participantes de São Paulo, Goiás e Belém, todos interessados em conhecer de perto a realidade de Feira de Santana e apoiar a associação que está se formando na Marechal”, explicou.

A importância política do seminário foi evidenciada pelo secretário de Agricultura de Feira de Santana, Silvanei Araújo, e pelo vereador Professor Ivamberg. Silvanei destacou que o município tem investido em melhorias para a Marechal, como mais espaço, limpeza e estacionamento, tratando a feira como um patrimônio vital da cidade. Já Ivamberg enfatizou a força da contabilidade popular para organizar os negócios informais dos feirantes, que já fazem parte do patrimônio imaterial local reconhecido por lei municipal. Do lado dos próprios comerciários, a líder Edineide Ribeiro, conhecida como Mocinha, celebrou o evento como um marco para fortalecer a união e a gestão da associação de feirantes, abrindo caminho para uma organização cada vez mais profissional e resistente.