Estava na fila do supermercado, como em tantos outros dias comuns, quando percebi que havia pegado um produto que não precisava mais. Pedi licença à atendente e voltei correndo para colocar o item de volta na prateleira. Ao retornar, fui surpreendido pelo sorriso dela e um elogio inesperado: “Parabéns”.
Curioso, perguntei se era só por ter desejado boa tarde, e ela me explicou que o verdadeiro motivo era raro de se ver – 99% das pessoas simplesmente abandonavam produtos no caixa, até mesmo perecíveis como carnes e iogurtes, ignorando o impacto dessa atitude para quem trabalha ali. Sua reação me fez refletir profundamente sobre o que hoje chamamos de educação e respeito.
Lembrei imediatamente da frase que minha mãe sempre repetia: “Sou pobre, mas sou educada.” Educação não é privilégio de classe social, mas um ato de consciência e empatia. No entanto, o que se vê diariamente são relações frias e desumanizadas: no mercado, na farmácia, em qualquer balcão, o silêncio gelado e a indiferença predominam, como se o fato de ser atendido colocasse alguém numa posição de “superioridade” que dispensa qualquer gentileza.
O estresse do dia a dia recai sobre funcionários que nada têm a ver com as dificuldades financeiras ou pressões sofridas pelo cliente. O produto largado no caixa é sinal disso: desrespeito e falta de compreensão, que deviam ser raridades, hoje parecem regra. Ser gentil virou uma atitude revolucionária, um luxo que poucos se permitem. Eu sigo tentando honrar o ensinamento da minha mãe, tendo na educação a arma contra o egoísmo e a indiferença.