O avanço da internet trouxe uma revolução na comunicação e no comércio, mas também abriu espaço para um tsunami de golpes digitais que já afetaram mais de 40 milhões de brasileiros nos últimos 12 meses, segundo levantamento do Instituto DataSenado. Com 24% da população acima de 16 anos caindo em fraudes como clonagem de cartão e invasão de contas, o fenômeno ganha proporção dramática, enquanto o Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta um crescimento assustador de 408% em estelionatos de 2018 a 2024.
Em Feira de Santana, a realidade não foge ao caos nacional. De acordo com o delegado José Marcos, especialista em furtos e roubos, o principal método dos criminosos é a engenharia social, que usa informações íntimas das vítimas para golpes precisos e assustadores. Exemplos chocantes incluem ligações falsas de facções anunciando ameaças de morte e exigindo PIX como “compensação”. “Quase diariamente, chegam pessoas desesperadas na delegacia”, relata o delegado, que reforça a ordem: desligue, bloqueie e jamais transfira dinheiro.
Entre os golpes mais comuns, destacam-se a clonagem do WhatsApp, onde golpistas roubam o acesso ao aplicativo para solicitar dinheiro à rede de contatos; fraudes em vendas de veículos pela internet, com contas falsas e PIX desviados; promessas falsas de dinheiro fácil via redes sociais, onde vítimas perdem até R$ 100 mil; e o clássico golpe do falso funcionário de banco que tenta enganar para obter dados e transferências. “Os bancos nunca pedem PIX para resolver problemas”, alerta o delegado.
Apesar do cenário preocupante, o delegado José Marcos enfatiza que a principal arma contra esses crimes é a informação e o registro das ocorrências, pois ajudam a mapear e desbaratar quadrilhas, mesmo que operem globalmente usando laranjas e criptomoedas para lavar o dinheiro roubado. “Parece absurdo que as pessoas ainda caiam, mas falta preparo. Por isso, nossa melhor defesa é estar informado”, conclui o policial.