Um alarme silencioso ronda a Antártica! Um novo estudo do programa Fioantar, da Fiocruz, revelado recentemente, identifica que o perigoso vírus da gripe aviária H5N1 chegou ao continente antártico por diferentes rotas, ampliando o alcance da ameaça biológica na região. Cientistas analisaram o material genético do vírus encontrado em duas aves e um leão-marinho-antártico mortos nas Ilhas Shetland do Sul, comprovando a invasão viral por caminhos diversos durante migrações de animais silvestres.

Com o sequenciamento genético, os pesquisadores detectaram a presença de uma linhagem inédita do vírus, chamada "linhagem de mamíferos marinhos da América do Sul", que surgiu em 2023 no Norte do Chile e rapidamente se espalhou ao longo da costa sul-americana, atingindo países vizinhos como Argentina, Uruguai e até as Ilhas Malvinas, além do Brasil. A descoberta indica uma escalada no potencial de disseminação do H5N1 em uma rota que preocupa autoridades ambientais e de saúde pública.

A preocupação se amplia na saúde humana: embora ainda sejam raras as contaminações esporádicas através do contato com animais infectados, dados da Organização Mundial da Saúde apontam que, entre 2003 e o final de 2023, 939 casos humanos de H5N1 foram confirmados em 24 países, com quase metade dos infectados tendo evoluído para óbito. Importante destacar que até agora não há evidências de transmissão entre pessoas, mas o monitoramento permanece fundamental.

Essa pesquisa faz parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), coordenado pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm), da Marinha do Brasil, em parceria com o IOC/Fiocruz, universidades Federal do Rio Grande do Sul e da Califórnia (EUA). O estudo reforça a necessidade de vigilância contínua nas áreas remotas do planeta, para entender e controlar os danos de vírus que cruzam oceanos e fronteiras com animais migratórios.