O futuro da hotelaria em Feira de Santana está diante de uma encruzilhada tecnológica e mercadológica, revelada pelo vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes da cidade, Marcelo Alexandrino. Em entrevista recente, ele revelou que plataformas digitais como Airbnb, Booking e Expedia, longe de serem vilãs, já fazem parte do jogo há mais de uma década e podem conviver com os hotéis tradicionais, desde que haja adaptação inteligente.
“Nós fomos pioneiros ao entrar no Booking há cerca de 12 anos”, lembrou Marcelo, destacando a chegada dos chamados short stay – hospedagens de curto prazo que se diferenciam da hotelaria tradicional por oferecer serviços reduzidos, como limpeza somente no final da estadia e ausência de café da manhã. Para ele, este novo modelo não elimina o clássico, que mantém padrão e serviços essenciais, além de ser a escolha preferida do público de negócios, o principal motor da demanda semanal em Feira.
Marcelo revelou que Feira de Santana conta com cerca de 5 mil leitos na rede formal e uma taxa de ocupação entre 62% e 67%. O que traz preocupação não é a concorrência do short stay, mas o ritmo acelerado de oferta, que precisa ser equilibrado com a demanda para evitar desequilíbrios no mercado hoteleiro local. “Quando um grande hotel chega, há um tempo de adaptação, e isso precisa ser planejado”, alertou.
Para manter a competitividade, o empresário autorizou os investimentos em renovação e marketing digital. “Hotel precisa estar sempre jovem, como uma mulher”, comparou. Segundo ele, hoje 90% das reservas vêm das plataformas digitais, mas a verdadeira estratégia está em fidelizar o cliente para que ele retorne diretamente ao hotel, sem intermediar as comissões que corroem os lucros. “Conhecer o cliente e trabalhar seu relacionamento é o segredo para superar a alta comissão dessas plataformas.” Marcelo também confessou que o grupo está de olho no mercado de short stay, avaliando entrar nele com cautela e planejamento rigoroso, pois hotelaria é investimento pesado, com retorno de 8 a 12 anos, e exige domínio completo do mercado.