Nas últimas décadas, o jornalismo esportivo brasileiro vem vivendo uma transformação marcada pela crescente incorporação de termos em inglês que dominam narrativas e análises. Essa nova linguagem reflete a influência avassaladora da globalização e das mídias internacionais, que moldam a forma como o esporte é transmitido e consumido no país.
Expressões como “hat-trick”, “fair play”, “playoffs” e “offside” já fazem parte do cotidiano dos comentaristas, jornalistas e até das manchetes digitais. Essa forte presença do inglês não só substitui palavras tradicionais do português, como também cria uma barreira de entendimento para grande parte do público que não domina o idioma estrangeiro, gerando estranhamento e dificuldades de compreensão.
Além do vocabulário, o estilo das reportagens esportivas tem se tornado cada vez mais direto e enxuto, influenciado pelos padrões anglófonos, distanciando-se daquele texto mais rico e descritivo que caracterizava o jornalismo esportivo brasileiro. Em programas de TV e podcasts, a fluência em inglês aparece como um símbolo de autoridade, fazendo com que o jornalismo local pareça alinhado com um padrão global, mas corroendo a autenticidade da língua portuguesa.
Embora a introdução de termos estrangeiros traga inovação e precisão técnica, é essencial que os profissionais do jornalismo respeitem e valorizem nossa língua materna, equilibrando modernidade e tradição. Ignorar essa reflexão pode provocar a diluição da identidade cultural e linguística do país, afastando um público expressivo e despertando um debate urgente sobre os rumos do jornalismo esportivo no Brasil.