O cenário para micro e pequenas empresas no Brasil está cada vez mais sombrio. Com a taxa Selic disparando a 15% ao ano — patamar não visto há 19 anos — e a inadimplência quebrando recordes, o crédito tornou-se mais caro e inacessível, ameaçando a sobrevivência desses negócios que sustentam boa parte do emprego no país.

Dados atualizados do Banco Central mostram que, em maio de 2025, os empréstimos para micro, pequenas e médias empresas somaram R$ 1,179 bilhão, um crescimento de 11,6% em um ano. Porém, o aumento na demanda por crédito anda lado a lado com o crescimento da inadimplência, refletindo os efeitos da inflação persistente e o recuo no consumo — um combo explosivo que empurra cerca de 90% dos pedidos de recuperação judicial no país.

O economista Gesner Brehmer, especialista em economia regional, alerta para dois golpes duros: “Juros altos limitam o acesso ao crédito fundamental para manter emprego e operações, e a inadimplência desorganiza as finanças, criando uma bola de neve que pode levar ao fechamento da empresa.” Segundo ele, uma empresa que perde o acesso ao crédito praticamente começa a contagem regressiva para o colapso.

Além disso, o aumento recente do IOF — imposto sobre operações financeiras — agrava ainda mais a situação ao elevar o custo dos empréstimos. “O governo usa o IOF para tentar fechar o rombo nas contas públicas, mas acaba penalizando quem mais depende do crédito, estreitando ainda mais suas margens já apertadas”, explica Gesner, que defende linhas de crédito com aval público e juros reduzidos para salvaguardar esses negócios. “Sem planejamento e suporte, milhares de empresas e famílias estarão à deriva.”