Na linha de frente da diplomacia global, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um duríssimo alerta contra o avanço da “lei do mais forte” nas relações internacionais, denunciando a ameaça que tarifações unilaterais, como a recente decisão dos Estados Unidos de taxar em 50% os produtos brasileiros, representam para a estabilidade do comércio global. Em artigo veiculado em jornais de peso como The Guardian, Clarín e China Daily, Lula destaca que essa escalada de tarifas empurra a economia mundial para uma armadilha de preços elevados e crescimento travado, pondo em xeque décadas de esforços multilaterais.

Sem citar nomes, o líder brasileiro ressalta que a Organização Mundial do Comércio (OMC) encontra-se hoje esvaziada, com sua relevância questionada e rodadas históricas de negociação, como a de Doha, jogadas no esquecimento. Para Lula, o desafio reside na necessidade de reconstruir as instituições multilaterais, hoje desfiguradas e desconectadas da realidade global, para resgatar a eficácia e a justiça no cenário internacional. “Abandonar o multilateralismo não é solução, é preciso reformá-lo com bases mais justas e inclusivas”, escreve o presidente, que reforça seu histórico compromisso com o diálogo e a cooperação.

O artigo de Lula não poupa críticas contundentes à atuação dos países que, ignorando os princípios do Conselho de Segurança da ONU, banalizam o uso ilegal da força, citando conflitos recentes e a escalada de violência no Oriente Médio. Destaca também a profunda crise do modelo econômico global que, após a recessão de 2008, optou por salvar os mais ricos às custas das massas, ampliando desigualdades e alimentando o terreno fértil para o crescimento do extremismo político que ameaça as democracias.

Além disso, Lula aplaina o caminho para encarar o flagelo do século: a crise climática, com um balanço alarmante do fracasso das grandes potências em cumprir seus compromissos ambientais, enquanto desviam recursos para gastos militares crescentes. Ele enfatiza que não se trata de caridade, mas de justiça diante da disparidade gritante que mantém milhões em miséria, fome e falta de acesso a serviços básicos, num planeta que produz mais riqueza do que nunca.

O presidente conclama por uma visão de mundo interligada, onde muros não conseguem isolar ninguém dos problemas globais, e reforça o papel do Brasil como ponte para o entendimento em tempos de conflito, citando sua liderança nos fóruns do G20, BRICS e COP 30. Lula insiste que, mesmo diante de desafios extremos, a cooperação e o multilateralismo são as chaves para evitar o colapso da ordem mundial e garantir um futuro sustentável para todos.