Em um movimento ousado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta semana sua aposta na aproximação do Mercosul com os países do Sudeste Asiático, destacando a Indonésia como peça-chave para expandir o comércio e a cooperação multissetorial. A declaração veio em encontro oficial com o presidente indonésio Prabowo Subianto, no Palácio do Planalto, logo após a 17ª Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro.
A aliança entre Brasil e Indonésia, que já dura mais de uma década, ganha novo fôlego com o Brasil assumindo a presidência do Mercosul no semestre atual e intensificando negociações para um acordo comercial com o gigante asiático, que abriga 280 milhões de habitantes e desponta como a quinta maior economia da Asean, bloco que Lula destaca como a quarta maior economia mundial, com PIB de US$ 4 trilhões. O presidente confirmou presença na cúpula da Asean em outubro, na Malásia, ressaltando que a Ásia está no foco da política externa brasileira.
No campo econômico, Lula revelou que o comércio bilateral bateu a marca de US$ 6,34 bilhões em 2024, com o agronegócio brasileiro dominando o mercado indonésio, onde a carne bovina desponta como uma área de expansão estratégica para garantir segurança alimentar. Além disso, temas como aviação civil, defesa e cooperação em minerais estratégicos para a transição energética entraram na pauta, com elogios do presidente à política indonésia de beneficiamento local, que pode servir de exemplo para o Brasil.
A visita contou ainda com comprometimentos conjuntos em pautas globais como o fim da guerra na Ucrânia e a criação de um Estado palestino, ambos clamando por diálogo e criticando a passividade internacional diante das crises. Ambientalmente, os países reafirmaram sua parceria na proteção das florestas tropicais, integrando o grupo Unidos por Nossas Florestas e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, buscando remunerar a preservação ambiental. Lula finalizou com o seu apelo para a formação de um mercado global de biocombustíveis, promovido por regras multilaterais, onde Brasil e Indonésia figuram entre os maiores produtores mundiais.