A menos de um ano e meio das eleições de 2026, o governo Lula dá um giro na comunicação para se distanciar do Centrão e reconquistar o eleitorado perdido. O oficial “União e Reconstrução” será substituído por um slogan que deixa claro o “lado” do presidente: quem luta contra privilégios abre espaço para a prosperidade de muitos, não apenas um embate entre ricos e pobres.

A nova estratégia espalha a ideia de que benefícios recentes, como linhas de crédito baratas para reformas e microempreendedores, também atendem a classe média, derrubando o discurso simplista da desigualdade apenas entre extremos sociais. Ministros foram orientados a destacar em entrevistas que o verdadeiro inimigo é um sistema excludente que favorece 1% da população, enquanto a maioria sofre com jornadas pesadas, transporte ruim e alta carga tributária sobre salários modestos.

Pesquisas encomendadas pelo Palácio do Planalto indicam que o novo slogan vai misturar trabalho, justiça social, combate a privilégios e um apelo nacionalista, reforçado após ações agressivas do governo Trump contra o Brasil. Essa mudança de tom, conduzida pelo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, recebeu aval de Lula, que evita um governo de coalizão sem identidade forte. Por isso, toda ação ministerial passa por aprovação prévia da Secom para manter o discurso coeso.

A pressa no ajuste do slogan veio após a crise com o Congresso, especialmente por causa do decreto que aumenta o IOF, derrubado por partidos do Centrão — mesmos que ocupam 14 ministérios mas não apoiam o PT para 2026. A disputa levou Lula a recorrer ao STF, e uma audiência de conciliação foi marcada. Na guerra política, o PT lançou a campanha contra privilégios do “andar de cima” — os chamados BBB (Bilionários, Bancos e Bets) —, reforçando a promessa de proteger a parcela que ganha até R$ 5 mil. Paralelamente, após a retaliação de Trump com tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, Lula reforçou a bandeira nacionalista exibindo o boné com o slogan “O Brasil é dos brasileiros”.