Em uma decisão que promete agitar o cenário político, o presidente Lula barrou o aumento do número de deputados federais de 513 para 531, projeto aprovado recentemente pelo Congresso. A medida, que geraria um custo extra anual de cerca de R$ 65 milhões, foi vetada antes do prazo final, marcando mais um capítulo na tensão entre o Executivo e o Legislativo.
Apesar das pressões da ala política do governo para que evitasse o veto, Lula optou por seguir a recomendação do Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, que apontou o projeto como violação à Lei de Responsabilidade Fiscal e uma ameaça à previsibilidade orçamentária. O presidente sempre foi contrário ao aumento, preferindo uma redistribuição das cadeiras conforme a mudança populacional dos estados.
Nos bastidores, interlocutores do presidente destacam que, diante da cobrança por austeridade fiscal, deixar o projeto crescer custaria caro em um momento em que Lula tenta recuperar popularidade com discurso focado na luta entre pobres e ricos. A escolha de vetar, no entanto, pode abrir uma nova crise com o Legislativo, especialmente com o presidente da Câmara, Hugo Motta, um dos idealizadores do projeto, que contava com o apoio de grandes líderes como Arthur Lira.
Alguns aliados do governo tentaram convencer Lula a não sancionar nem vetar, deixando a decisão para o Congresso via sanção tácita. Mas o presidente preferiu se posicionar firme, mesmo sob risco de atrito, demonstrando que não abrirá mão da cautela fiscal e enfrentará a classe política na disputa pelo controle da Câmara.