Feira de Santana viveu um sábado marcado por resistência e celebração da força das mulheres negras na 9ª edição do Encontro da Associação MoviAfro. Com foco no aquilombamento, símbolo de união e fortalecimento, o evento reuniu ativistas que destacaram a importância da representatividade, da ancestralidade e da construção do “Bem Viver” como caminhos para a equidade racial e de gênero.
Realizado pela Associação Mulheres Negras de Feira de Santana e parte das celebrações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e do Dia de Tereza de Benguela, o encontro integrou o calendário do Julho das Pretas, um mês de luta e reivindicações. Em uma mesa de conversa organizada, mulheres quilombola, indígena, candomblecista e psicóloga debateram desafios da atualidade, apontando a resistência histórica como motor para um amanhã mais justo e próspero.
Val Conceição, líder da MoviAfro em Feira, ressaltou que a iniciativa nasceu para homenagear mulheres negras de todo o mundo. “A educação é a raiz do fortalecimento”, afirmou, destacando o papel do acesso ao ensino superior como fator decisivo para a emancipação dessas mulheres, ainda pressionadas pelo racismo, machismo e dificuldades estruturais no mercado de trabalho local. Ele enfatizou que o aquilombamento cria uma rede imbatível, comparando às formigas que se protegem quando unidas.
Integrante da associação, Heli Pereira reforçou os danos da desigualdade econômica que pesa com maior intensidade sobre as mulheres negras, responsáveis pela gestão de seus lares apesar de receberem os menores salários. Ela ressaltou a urgência em pautar saúde, educação e a luta contra a violência, celebrando a liderança de Tereza de Benguela como inspiração para um futuro onde o bem viver seja realidade para todas.