No último sábado (19), o Colégio Estadual de Tempo Integral, no bairro Aviário, em Feira de Santana, foi palco de uma mobilização histórica: mulheres negras de diversos municípios do Portal do Sertão se reuniram para fortalecer a luta pela reparação histórica e pelo “Bem Viver”. O encontro preparatório para a Marcha Nacional de Mulheres Negras 2025, em Brasília, trouxe vozes potentes de Feira de Santana, Tanquinho, Irará, Amélia Rodrigues, Água Fria, Serrinha, Antônio Cardoso e Terra Nova, entre outras cidades da região, numa demonstração clara de que não aceitaram viver à margem da sociedade.

A Caravana do Portal do Sertão extrapolou o âmbito regional e se transformou em um chamado à ação: debates políticos intensos, estratégias organizativas e reafirmação do direito à terra, segurança, justiça e educação. Suely Santos, da Rede de Mulheres Negras da Bahia, reforçou que a cobrança pela reparação vai além de políticas públicas básicas e exige justiça pelo genocídio cultural causado pela escravidão e exclusão social após a abolição. “O Estado brasileiro nos deve pelos mais de 400 anos de trabalho não remunerado que construíram esse país”, afirmou, resgatando o histórico e o valor do reconhecimento firmado pela Conferência de Durban, em 2001.

Karine Teixeira Damasceno, do Comitê Impulsor do Território Portal do Sertão, destacou a missão de conectar periferias ao debate nacional. A programação do dia incluiu rodas de conversa, reflexões históricas e celebração cultural com samba de roda, fortalecendo os laços afetivos e políticos entre as mulheres. Mércia Guerra Freitas, do Quilombo Santo Antônio, lembrou a herança de luta que carrega para sua filha e para futuras gerações, enquanto Tânia Márcia Pereira ressaltou que a Marcha levará uma carta reivindicatória ao presidente da República, objetivando dignidade e segurança para o povo negro.

Essa mobilização é uma convocação urgente pela transformação estrutural do Brasil e uma resposta firme de que o movimento de mulheres negras não abrirá mão do reconhecimento, da justiça e do direito de viver uma vida plena. Suely Santos fez um apelo emocionante para que toda mulher negra se organize e se una nessa caminhada: “Pela reparação e Bem Viver, rumo à Marcha de 2025.”