A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) sacode o mercado portuário da Bahia com uma proposta inédita para a concessão dos portos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus, que mantém a Companhia das Docas da Bahia (Codeba) como protagonista na administração das áreas já arrendadas. Diferente do que foi feito na venda da Codesa no Espírito Santo, a Codeba não será extinta e continuará faturando com os contratos vigentes, garantindo sua relevância no cenário estadual.

Com duração prevista de 35 anos, o novo modelo entrega ao futuro operador privado a responsabilidade de renovar os acessos terrestres e aquaviários e modernizar os berços de atracação para embarcações maiores e mais eficientes. O porto de Aratu-Candeias, destaque no projeto, ganha espaço para expansões que podem incluir áreas comerciais, industriais e até culturais, uma jogada estratégica para atrair negócios e fortalecer a economia regional.

Os investimentos previstos somam astronômicos R$ 1,6 bilhão, com R$ 1,24 bilhão destinados ao Porto de Salvador, focados especialmente na dragagem para ampliar o calado a até 17 metros. Essa medida será crucial para receber navios de grande porte, elevando a competitividade logística da Bahia e colocando o estado em um patamar superior para o comércio marítimo.

Apesar da grandiosidade e das promessas de avanço, a iniciativa encara resistência interna na Codeba. Fontes ligadas à estatal relatam que os estudos base do projeto, feitos pelo BNDES, contam com dados ultrapassados e temem que a companhia perda poder, tornando-se mera gestora passiva. Em contrapartida, o Ministério de Portos e Aeroportos garante que a proposta visa acelerar e flexibilizar as operações portuárias, mantendo o controle estatal presente nos processos. A proposta está aberta à consulta pública para colher contribuições e aprimorar o futuro dos portos baianos.