Depois de um ano e meio só vendo o preço do café subir, os brasileiros podem comemorar: pela primeira vez em 16 meses, o preço do tradicional cafezinho caiu. Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontou uma queda de 0,18% no período de 16 de junho a 15 de julho, trazendo um alívio esperado para o bolso do consumidor.
Essa queda vem na esteira de uma safra mais farta e uma colheita acelerada. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, em 2025, o Brasil vai colher 57,5 milhões de sacas de 60 quilos — um aumento de 4% em relação às previsões anteriores e 0,8% a mais que em 2024. Embora o arábica, o tipo preferido dos brasileiros, sofra com a bienalidade negativa, a produção total é impulsionada pelo café canéfora, especialmente robusta e conilon, dos estados do Espírito Santo e Rondônia.
“Depois de um ciclo longo de inflação, o consumidor começa a sentir o impacto positivo no bolso,” destaca o economista Jean Almeida. Ele lembra que o café acumulou altas históricas, chegando a quase 80% de inflação em 12 meses, o maior pico desde o Plano Real, prejudicando tanto as famílias quanto o setor de alimentação fora de casa. Agora, a realidade muda e o alívio já é sentido nas prateleiras e no dia a dia.
A diarista Miram Rocha, 52 anos, exemplifica: “Antes, pagava quase R$ 20 no pacote de 500g, agora achei por R$ 16,90. Parece pouco, mas faz muita diferença porque tomamos café o dia inteiro em casa.” Já o estudante de enfermagem Bruno Menezes, de 24 anos, vê a queda como um sinal de esperança: “Estudo e trabalho, e o café é meu combustível. Ver o preço cair depois de tanta alta é um respiro.” A desaceleração também aparece no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): a alta do café moído caiu de 4,59% em maio para 0,56% em junho. Com boas expectativas para os próximos meses, a tendência é que o preço siga em queda, desde que o clima colabore. “Ainda é cedo para dizer que a estabilidade voltou, mas já é um sinal importante para o consumidor,” conclui o economista.