Em audiência bombástica na Câmara dos Deputados, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, declarou que o benefício das Rotas de Integração Sul-Americana supera em muito os custos previstos, prometendo transformar o cenário logístico do Brasil. Durante reunião conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle; Viação e Transportes; e Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, Tebet detalhou um pacote robusto com 190 obras contempladas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), totalizando impressionantes R$ 60 bilhões.

Essas rotas abrangem uma infraestrutura multimodal, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias, infovias, portos e aeroportos, que conectam o Brasil a países vizinhos, acelerando o deslocamento de cargas rumo a mercados internacionais. Para financiar essa ambiciosa iniciativa, o programa ainda dispõe de uma carteira própria de US$ 10 bilhões, com o BNDES aportando US$ 3 bilhões, mais R$ 7 bilhões de instituições como Banco do Brics e Banco Mundial. Simone Tebet garantiu que não haverá uso de recursos públicos para obras fora do território brasileiro, frisando que o financiamento não alcançará Venezuela ou Argentina.

A ministra destacou o impacto estratégico das rotas para o comércio exterior, citando o Porto de Chancay, no Peru, maior investimento chinês na região, como peça-chave da logística que ligará o Atlântico ao Pacífico, reduzindo o tempo de exportação em até três semanas. A ferrovia bioceânica em parceria com a China foi anunciada com custo zero para o Brasil, já que os investimentos chineses são de interesse comercial, e o projeto ainda aguarda definições do próximo governo para licitação e implementação.

Segundo Tebet, essas obras vão impulsionar o desenvolvimento especialmente nas regiões fronteiriças mais pobres, sem competir com infraestruturas existentes. Citou ainda a necessidade urgente de reduzir a dependência rodoviária, como no estado de São Paulo, onde 80% das exportações para a América do Sul ainda passam por esse modal ineficiente. Projetos regionais, como a conexão entre Amapá e Guiana Francesa, prevista para 2026, também fazem parte da visão de integração total da América do Sul, mesmo que a rota entre Roraima e Georgetown ainda aguarde um cronograma definido.