A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) soou o alerta diante da recente decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, anunciada pelo presidente Donald Trump. O grupo destaca que o momento exige cautela estratégica e negociação diplomática intensa do governo federal para evitar um choque econômico no agronegócio nacional.
A nova taxação, segundo a FPA, afetará diretamente o câmbio, elevará o custo dos insumos importados e poderá reduzir a competitividade dos produtos brasileiros lá fora, principalmente no mercado americano, que é o segundo destino mais importante para as exportações do país, atrás apenas da China. A atuação brasileira nas negociações internacionais é apontada como caminho essencial para minimizar os danos.
Setores chave já demonstram preocupação. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) espera que o café seja excluído da tarifa, considerando que o impacto pesaria sobre o consumidor nos Estados Unidos e desestabilizaria o comércio. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) reforça que o aumento da tarifa pode comprometer a rentabilidade e a presença global da carne bovina brasileira. A situação mais crítica vem do setor de suco de laranja, com o diretor da CitrusBR, Ibiapaba Netto, destacando que a taxa representa cerca de 70% do valor do produto na Bolsa de Nova Iorque, inviabilizando praticamente as exportações para os EUA.
Política e comércio se entrelaçam nessa crise: em uma carta oficial, Donald Trump justificou a tarifa relacionando-a ao tratamento do governo brasileiro com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse argumento acendeu sinais de alerta nos diplomatas e empresários, que pedem que o diálogo permaneça técnico e institucional para evitar que questões políticas atrapalhem a crucial relação comercial entre Brasil e Estados Unidos.