A inesperada decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras já acende um sinal vermelho para a Bahia, cuja economia está fortemente ligada ao mercado norte-americano. Conforme análise da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulgada nesta segunda (14), a medida terá vigência a partir de 1º de agosto de 2025 e poderá derrubar em US$ 643,5 milhões o volume de exportações baianas para os EUA, impactando drasticamente produção, empregos e renda no estado.

A SEI utilizou a metodologia de multiplicadores de insumo-produto para calcular que, sem compensação em outros mercados, essa quebra poderá reduzir o PIB da Bahia em impressionantes R$ 1,8 bilhão, o que equivale a 0,38% da riqueza gerada localmente. O diretor Armando Castro ressalta que o momento não poderia ser mais delicado, já que as vendas brasileiras para os EUA vinham registrando recordes — sendo responsável por 8,3% das exportações do estado na primeira metade de 2025.

A pauta exportadora baiana para os EUA é marcada por setores como papel e celulose (25,3%), químicos e petroquímicos (23,5%), borracha e pneus (11,8%), metalurgia, frutas, cacau e petróleo, totalizando 89% das vendas. A alta na tarifa promete cortar em até 85,7% as exportações industrializadas, com perdas maiores justamente nos segmentos de papel e celulose, que deverão amargar queda de US$ 191 milhões, seguidos por químicos (US$ 177 mi) e borracha (US$ 89,3 mi).

O impacto social é brutal: estima-se que 210 mil trabalhadores formais, o equivalente a 7,8% dos empregos do estado, estejam diretamente ligados a esses setores, especialmente o petroquímico, com 81 mil empregos. O risco de demissões em massa e retração econômica ganha contornos sombrios diante da nova política protecionista americana, que pode desestabilizar a economia baiana de forma inédita.