O anúncio de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, uma medida atribuída ao presidente Donald Trump, acendeu um alerta vermelho no cenário econômico e político do Brasil. A medida, apelidada de “tarifaço”, provocou um intenso debate entre economistas, políticos e representantes do comércio, que veem ameaças reais para setores estratégicos e a diplomacia brasileira.
Durante o programa De Olho na Cidade, da Rádio Sociedade News FM, especialistas como Gesner Brehmer e Amarildo Gomes, além do presidente do Sicomércio, Marco Silva, e o comentarista Humberto Cedraz, analisaram o impacto da crise. Gesner enfatizou a necessidade de pragmatismo e diálogo aberto, apontando que, apesar dos esforços recentes, o Brasil precisa ampliar parcerias comerciais para escapar dos efeitos do confronto tarifário.
Amarildo Gomes destacou que, embora as exportações brasileiras para os EUA representem 2% do PIB, o agropecuário vai sofrer diretamente, com laranja, carne e café entre os mais atingidos. Ele criticou a demora do governo em tentar postergar o início das tarifas, previsto para 1º de agosto, e alertou para riscos de até 100 mil empregos perdidos. Para ele, a família Bolsonaro, ao inflamar a crise, fez um desserviço, e reforçou que é hora de negociação técnica, sem ideologias inflamadas.
Marco Silva adotou um tom mais otimista, ressaltando que empresas que superaram a pandemia precisam se preparar internamente para enfrentar o “tarifaço”, que, apesar de prejudicar, não deve ser motivo para pânico. Ele também apontou falhas diplomáticas de Lula e Bolsonaro, afirmando que o Brasil perdeu chances valiosas e precisa retomar uma política externa profissional, livre de ideologias. Já Humberto Cedraz classificou Trump como um “empresário oportunista” que age sem justificativas nobres, e elogiou a postura cautelosa do presidente Lula diante da crise, afirmando que o país precisa abandonar o viés ideológico para agir com pragmatismo.
Na pergunta sobre quem tem mais culpa pelo conflito, economistas acusaram ambos os lados. Enquanto Bolsonaro e seus aliados da extrema-direita americana ajudaram a agravar o cenário, Lula errou ao estreitar laços com países como Rússia e China, e ao deixar o Brasil sem embaixador nos EUA durante meses. O alerta final é unânime: o Brasil não pode continuar brincando com a geopolítica, sob risco de afetar milhares de empregos e a estabilidade econômica. A saída, dizem, está no diálogo maduro, responsabilidade fiscal e uma política externa técnica.