A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa altíssima de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto provoca apreensão e alerta na economia nacional. O professor Rosevaldo Ferreira, especialista em economia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), aponta o risco real de desemprego e de uma dolorosa reestruturação comercial como consequências imediatas da medida.

“Essa tarifa pode gerar desemprego. Nosso comércio com os EUA já foi muito maior”, explica o professor, destacando que o Brasil exporta commodities como soja, café e alumínio para o mercado norte-americano — sem contar empresas como Petrobras e Embraer, que também sofrem impacto. No caso do alumínio, já taxado antes, a tarifa ataca direto uma cadeia produtiva fundamental: o alumínio brasileiro é comprado pelas indústrias aeronáuticas americanas que o transformam em peças, enviam de volta para o Brasil para montagem e exportam o produto final novamente aos EUA. Com o aumento do preço causado pelos novos impostos, aeronaves ficam mais caras, prejudicando empregos dos dois lados do Atlântico.

O impacto, apesar de negativo para ambas as economias, será mais severo para o Brasil, principalmente no curto prazo. Ferreira alerta que será necessário encontrar novos parceiros comerciais — como China, Holanda, Dinamarca e Noruega — processo lento e custoso que pode prejudicar a economia brasileira enquanto a reverberação do tarifaço se espalha.

Contudo, nada está perdido: o economista aposta na diplomacia e no “blefe” tradicional de Trump para adiar ou modificar a medida até a data da entrada em vigor. “Esperamos que a diplomacia atue”, diz. Ele também rebate as acusações do presidente americano contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ex-presidente Jair Bolsonaro, defendendo o funcionamento da justiça brasileira e o direito do Brasil de regular suas redes sociais como entende.

Enquanto isso, o governo Lula reage forte à decisão americana, prometendo responder com a Lei de Reciprocidade Econômica. Lula reforça a soberania nacional, nega déficit comercial com os EUA e afirma que o combate no Brasil é contra discurso de ódio e fake news, com respeito à liberdade de expressão. A crise se reflete ainda em Brasília, onde governistas atacam os EUA e prometem resposta dura, enquanto a oposição joga a culpa tanto na gestão Lula quanto no STF. Nos protestos da Avenida Paulista, o povo pede taxação dos super-ricos e critica o tarifaço americano.

Além do golpe econômico, a medida de Trump parece trama geopoliticamente mais ampla, mirando China e o bloco dos Brics após a cúpula realizada no Rio de Janeiro. Em carta ao presidente Lula, Trump justifica a tarifa como resposta a um suposto déficit comercial e acusa o Brasil de práticas injustas, ameaçando inclusive ampliar as tarifas. O Brasil reage pronto para a batalha, entre tensões políticas, econômicas e diplomáticas que prometem agitar as relações Brasil-EUA nos próximos meses.